1 de set. de 2013

As Vozes.

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Voltei para casa, estava cansada e ouvia minha mãe falar coisas idiotas de como eu havia sido anti-social e ignorante. Eu não estava muito bem, afinal, tinha saído do enterro do meu primo que também era meu melhor amigo. Já estava escurecendo e quanto mais minha mãe falava mais parecia que demorávamos a chegas em casa. O ar frio me fez estremecer e o medo de anda na rua em meio à escuridão aumentava. Eu tinha medo de tudo o que se possa imaginar, inclusive do fato que talvez meu primo viesse me visitar ali. Comecei a imagina ele com o pescoço cortado me aterrorizando ali. Balancei a cabeça tentando tirar aquele tipo de pensamento de minha cabeça, qual era meu problema?

Chegamos a casa depois de uma longa caminhada. Meu pai não estava em casa e minha mãe foi chamada para ajudar no PS, afinal ela era enfermeira. Subi diretamente para meu quarto, estava tudo escuro por ser de noite e por não termos luz. Apenas me enfiei de baixo de minhas cobertas para tentar dormir. Notei que não havia chorado, nem uma lagrima sequer escorreu naquele dia. Fiquei me perguntando se estava mesmo triste. Acordei pelas 03h30min da madrugada, estava suando e minha cabeça girando. De repente ouvi passos no corredor. Estremeci. Lembrei-me que minha mãe voltava por esse horário do plantão. Virei de costas para seguir dormindo e sinto algo me tocando. No momento que me viro vejo uma "coisa' totalmente deformada, seus olhos pareciam arder, estava quente e clamava por ajuda. Encarei o individuo por segundos. Não conseguia me mover, não conseguia falar. "Mary-anne" ele berrava. Identifiquei a voz. Era meu primo. Minha cabeça se tomou por vozes gritando por socorro. A última voz que ouvi foi "volto para te buscar" e então apaguei.

As semanas continuaram terríveis, as vozes continuavam. Falavam sobre suicídio, que eu precisava morrer. Eu não conseguia me concentrar em nada, e as semanas continuavam infernais. Um dia, voltando de faculdade entro em casa e não encontro ninguém. Eram 15h30min da tarde. Fui para meu quarto e me deito ali. "por quê?" grito para tentar ouvir minha própria voz. "Isso vai parar, se entregue" as vozes gritavam. Tudo parecia girar enquanto eu me levantava em busca de um copo d'água. Deparei-me então com uma corda no meio do corredor de minha casa. A tentação começou. As vozes ficavam cada vez mais altas. Passei a mão na corda. E o que fiz após isso você não gostaria de saber.

Dizem que tirar a própria vida é pecado. Em minha opinião eu estava salvando minha vida. E meu primo também. Após minha morte percebi que o mesmo acontecia com minha irmã. E as vozes a atormentavam sempre. A onde de mortes afetou minha família de uma maneira inesperada, um ciclo. Tudo começou com meu primo vendendo sua alma. A partir dai nossa família foi condenada. Ao inferno.