Em um lugar, que muitos não conhecem, tinha uma garota,
perto da morte. Em sua cabeça se vivesse todos os dias como o último, perdoasse
os inimigos e falasse com pessoas distantes poderia se livrar de seus pecados.
Tinha dezoito anos e por cinco anos fez uma lista do que faria até seu último
dia de vida. Cada um recebeu um asterisco por não ter conseguido o fazer, assim
diminuindo a lista. Entre os quinze itens citados uns eram mais especiais para ela, como se apaixonar ou
até mesmo voltar a ter contato com sua mãe, que em sua cabeça havia a
abandonado por não suportar o fato de ver a filha morrer por culpa do câncer.
Sua família era pobre e não tinha as mínimas condições de dar uma vida mais
confortável a ilha que aguardava, sem medo, a morte.
Uma vez uma amiga viu sua lista e a perguntou “Você está disposta a ir ou pagar qualquer
coisa para realizar seus desejos?” a garota não soube responder. Annica o
nome da garota, antes que eu me esqueça. Annica ficou por dias com aquilo na
cabeça, procurando a resposta.
A sua amiga a considerava uma guerreira, nem quando soube
que a quimioterapia não faria mais efeito ou que tinha mais cinco meses de vida
ela não deixou de seguir a lista e tentar ser feliz. Na sua última semana a mãe
dela foi a visitar. Ela considerou tudo feito. “Você não se apaixonou” falou sua amiga “Você não sabe” ela respondeu com um semblante feliz.
Seus últimos dias foram calmos e alegres. Annica morreu em
casa, porém sozinha. Aprendi que, mesmo se tendo milhares a sua volta, você
morrerá sozinho. Na verdade, ela me ensinou. Ensinou-me que podemos ter
dignidade em toda nossa vida, mas morremos sem ela. Mas com ela aprendi a ser
feliz.
Uma vez ela me perguntou “Se
hoje fosse seu último dia, o que faria?”, ela deve estar até agora no
aguardo da resposta. Faria o mesmo que ela: procuraria a felicidade.