Capítulo 1.
Fitei meus pais, estava do outro lado da incrível e
imensa mesa, que era do outro lado da sala. Nunca entendi qual era o problema
de comprar uma mesa de apenas seis lugares. Não entendia porque as pessoas viam
para cá, jantar, almoçar ou apenas tomar o café da tarde, eles tinham casa, não
tinham?
Mas era sempre assim, graças à religião deles. Eu era obrigada a freqüentar a igreja, e era
obrigada a viver com meu “Protetor”. O dever dele era me proteger, de tudo e de
todos - sim, eu sei me defender. E com meu “Companheiro”, um tipo de namorado,
o qual meus pais escolhiam – eu o odeio.
Comecei a comer de cabeça baixa. Eu não odiava tanto
aquilo, só achava uma idiotice, todo mundo fazer tudo ao mesmo tempo. Respirei
fundo, e me estiquei sobre a mesa para pegar a pimenta. Minha mãe me olhou, um
vinco estava formando-se em sua testa. Revirei os olhos.
-Então Anna, como foi à escola? – perguntou minha
mãe
-Chata, rezamos, enquanto eu fingia que estava
rezando. - falei
Tentei seguir o jantar calada, muitas vezes murmurando
algumas coisas sobre alienígenas. Minha mãe cuida de minha educação e de Robin,
minha irmã mais nova. Ela tinha dois anos, e a pobre coitada tinha que viver
sob condições religiosas totalmente idiotas.
Meu pai cuidava de meu irmão mais novo, o Nicholas, ele tinha oito anos.
Vivia na mesma condição que Robin.
Diferente deles eu bati o pé para essas baboseiras.
Meus avôs me consideram uma aberração, enquanto meus pais a vergonha da
família. Assim que terminamos de jantar fui para meu quarto, e me tranquei lá.
Era o único jeito que eu encontrava para não matar alguém antes da hora.
Se eu fosse repassar cada momento do inferno que é
minha vida, com certeza passaria a noite inteira me lembrando. Parte dela era
entediante, a outra eram apenas meus pesadelos.
Coloquei o travesseiro sobre meu rosto assim que
ouvi passos no corredor, pelo barulho deveria ser minha mãe. Ouvi três batidas
na porta.
-Vamos Anna, sei que esta acordada! – disse minha
mãe
- Ah o que foi? – falei fingindo sonolência
-Abra a porta! – ela falou irritada
- Só para me fazer levantar. – resmunguei abrindo a
porta – O que?!
-Tenho um serviço para você...
-Ah que bom. Boa noite – eu interrompi
-Me deixa terminar. – ela falou – Você e Aaron
teriam que fazer um pequeno serviço. Sabe o gerente do banco o Paul Quorra?
- Sei, e daí? – perguntei
- Vale cinco mil dólares. Tente fazer isso. Pelo
menos prove que é capaz de fazer algo útil. – ela falou em tom zangado.
-Tanto faz, mas quero que saiba que irá correr
riscos – avisei – nada sai de graça aqui, muito menos um assassinato de Paul
Quorra. Agora, faça um favor, e saia do meu quarto. – falei
Fechei a porta e voltei para minha cama.
(...)
Assim que acordei, tomei um banho gelado. Depois,
sentei-me perto da janela. O vento balançava meus cabelos, contra minha
vontade. Uns fios faziam cócegas em meu rosto, enquanto eu tentava prende-los.
Ouvi uns passos o corredor, e minha porta se abrindo.
-Eu sei que é você Nicholas. – falei
-Ah! Sem graça. – ele falou vindo sentar-se em meu
colo – Você não vai fazer nada hoje?
Olhei para meu caderno, e depois para Nick.
-Eu vou fazer uma redação. – falei
-E porque não faz lá em baixo? – Nick perguntou
-Não vou conseguir pensar. – falei
-E esta conseguindo aqui? – ele perguntou
-Com você aqui, não. – falei
-Vou brincar! – ele falou
-Vai lá. – eu disse
Voltei ao que estava fazendo, pensar no que iria
colocar na redação. Mas não era problema enquanto estivesse quieto. Observei a
folha de meu caderno, cheia de anotações, e passei os olhos por cima das
anotações de Inglês. Eu tinha que fazer um redação de vinte e cinco linha – no mínimo
– sobre a Igreja que “cuidava” dos Estados Unidos.
Comecei a escrever, fiz algumas linhas sobre o
quanto a Igreja poderia deixar as penas mais pesadas. Antes era o governo que
comandava a América do Norte, mas depois de algumas revoluções, a Igreja tomou
conta. As penas na eram severas, mas se algum tentasse ultrapassar os portões
daqui, ou tentar rebeliões, estaria morto no mesmo minuto.
Fui ao banheiro. Eu estava branca demais, meus
cabelos pretos estavam bagunçados, mas mesmo assim pro lado. Minha franja
também. Meus cabelos eram lisos, e a cor natural era um tom de ruivos, mas
acabei os pintando de preto. Eu era alta, e muito branca e meus olhos eram
azuis.
Sai do quarto e fui fazer a redação. Acabei
desistindo, depois desci e fui buscar algo para comer. Meu pai estava arrumando
algumas coisas, e comecei a preparar um sanduíche.
-A sua arma está funcionando direito? – ele
pergunta. Sua voz era grossa.
Olhei para ele surpresa. Eram raras as vezes que ele
me perguntava algo.
-Ta... Mais ou menos. – disse cortando o queijo.
-Depois vou pega-la e conserta - lá. Não se pode
mais armas na cidade. – ele falou bravo.
Apenas balancei a cabeça. Se não se pode mais armas
é porque ouve uma rebelião em algum lugar. O lugar mais provável era Gracie’s
City. Mas tinham população para se defenderem. Ou pelo menos acabar com uma
cidade, por exemplo, Twil Falls onde moro. Ou poderia ser outra cidade, mas não
vejo alternativas. Nem lógica.
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